Se Paulo Freire entrasse numa escola em 2025: O despertar que os gestores precisam
Hélio Laranjeira
11/24/20253 min read


A verdade é dura, mas libertadora:
A escola brasileira ainda acorda no século XXI, mas insiste em trabalhar como se estivesse no século XX.
E, enquanto isso, o mundo lá fora anda em 5G, inteligência artificial, múltiplas carreiras, microcertificações, spin-offs, hubs e startups.
E o que é que a escola faz?
Repete.
Reinventa o que já está inventado.
E torce para que o MEC publique uma portaria que resolva tudo.
Se Paulo Freire estivesse vivo, ele não viria com poema, não.
Ele entraria no pátio, olharia o quadro, o datashow, o boletim e diria — com aquele humor fino de quem sempre soube o tamanho do problema:
“Minha gente… vocês ensinaram o país inteiro a ler o mundo.
Mas esqueceram de ensinar a escola a ler o próprio futuro.”
O problema não está no aluno. Está no modelo.
A escola ainda opera com duas receitas frágeis:
mensalidade e sistema de ensino.
Se uma falha, a outra sangra.
Se as duas falham, a escola afunda como um barco que ninguém quer assumir que está furado.
E enquanto isso, surgem novas demandas, novas expectativas, novas tecnologias…
e um aluno que não aceita mais ser plateia.
O gestor, coitado, vive apagando incêndio e remendo financeiro,
quando poderia estar plantando novas receitas, novas experiências e novas soluções educativas.
Se Freire estivesse aqui, ele daria um puxão de orelha pedagógico:
“Vocês se preocupam com o currículo,
mas esquecem do ecossistema.”
Porque a escola hoje não pode ser apenas um prédio com salas.
Ela precisa ser:
ecossistema de aprendizagem,
ecossistema de inovação,
ecossistema de oportunidades,
e ecossistema de receitas sustentáveis.
Sim, receitas.
Porque sem receita não tem professor valorizado, não tem contraturno inovador, não tem laboratório, não tem equipe, não tem futuro.
E quem disser o contrário está lendo Paulo Freire pela metade.
O contraturno é o pré-sal educacional
Um dos maiores equívocos das escolas é achar que contraturno é “tempo estendido”.
Freire riria disso. Ele diria:
“Minha gente, vocês têm um tesouro e estão usando como se fosse depósito de criança.”
O contraturno é:
espaço de engajamento,
ambiente de inovação,
laboratório de talentos,
porta de entrada para a tecnologia,
campo fértil de novas receitas,
e a forma mais barata de fazer “mais com menos” sem sacrificar a qualidade.
A escola que não usa o contraturno como estratégia
está deixando dinheiro, impacto e aprendizagem na mesa.
Tecnologia não é luxo. É sobrevivência.
Freire sempre disse que a educação precisa ler o mundo.
O mundo hoje é digital, veloz, híbrido, interativo.
Mas há escolas ainda funcionando como se o Wi-Fi fosse ameaça.
E gestores que têm medo de plataforma, de LXP, de IA, de inovação pedagógica.
Freire, com certeza, lançaria uma daquelas ironias clássicas:
“O problema não é a tecnologia.
É o medo dela.”
Tecnologia bem usada amplia aprendizagem, aumenta engajamento, reduz custos,
e faz a escola entregar o que o século XXI exige:
experiência, fluidez, inovação e propósito.
Se a escola não se mexer, ela será esquecida
O futuro não espera escola lenta.
Não espera gestor cansado.
Não espera modelo engessado.
E não espera currículo decorado.
O futuro cobra movimento.
E premia quem ousa.
Se Freire estivesse sentado hoje na cadeira de diretor,
ele diria assim:
“Não adianta ensinar futuro para o aluno
se a escola está presa ao passado.”
A escola precisa assumir um novo papel:
formar jovens para a trabalhabilidade, empregabilidade, autonomia e inovação — de verdade, não no discurso.
Gestores, o recado é simples:
Mexam-se. Agora.
A escola que quiser sobreviver precisa:
✔ virar ecossistema
✔ diversificar receitas
✔ usar o contraturno como motor financeiro e pedagógico
✔ adotar tecnologias de aprendizagem que engajam
✔ preparar seus estudantes para o mundo real
✔ fazer mais com menos — com inteligência, não com sofrimento
✔ parar de depender de um único modelo que está esgotado
Porque, como Freire diria,
com um sorriso irônico e sábio:
“A mudança não chega para quem espera.
Chega para quem faz.”
Conclusão:
O futuro das escolas começa no movimento dos gestores.
E movimento significa coragem:
coragem de inovar,
coragem de testar,
coragem de transformar espaço ocioso em receita,
coragem de colocar tecnologia como aliada,
coragem de assumir o protagonismo.
Se não mudar agora,
a escola será engolida pelo próprio tempo.
E como eu sempre digo:
o futuro não espera.
Ele troca de escola.

