O CRIME CONTRA A EDUCAÇÃO: O RETROCESSO DE PROIBIR A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA EJA
Hélio Laranjeira
2/28/20254 min read


O Brasil enfrenta um dilema inaceitável: no momento em que mais se precisa de inovação, acessibilidade e inclusão educacional, algumas forças insistem em retroceder, negando a possibilidade de Educação a Distância (EAD) na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa decisão não é apenas um erro administrativo — é um crime contra milhões de brasileiros que dependem da flexibilidade do ensino remoto para concluir sua formação e melhorar suas condições de vida.
A incoerência desse ataque à EAD na EJA é gritante. O país só conseguiu ampliar significativamente o acesso ao ensino superior quando regulamentou a graduação a distância, permitindo que milhares de brasileiros ingressassem no ensino superior sem precisar abandonar o trabalho ou percorrer longas distâncias. Hoje, temos cursos de saúde sendo ofertados com componentes EAD por universidades renomadas, demonstrando que é possível garantir qualidade na formação mesmo fora do modelo tradicional. Então, por que impedir essa mesma inovação na EJA, que é a principal porta de entrada para quem deseja sair da informalidade e ascender socialmente?
A Falácia Contra a EAD: Pensar Fora da Caixa é Urgente
O preconceito contra a educação a distância não se sustenta. Ele vem de um pensamento retrógrado, preso a modelos ultrapassados que ignoram a necessidade de personalização, flexibilidade e acesso. Quem demoniza a EAD está bitolado dentro da caixa, recusando-se a enxergar a realidade de milhões de brasileiros que só conseguirão estudar se houver um modelo que se adapte às suas condições de vida.
A educação não pode ser um privilégio de quem tem tempo e dinheiro para frequentar uma escola presencial todos os dias. Ela precisa ser um direito acessível a todos, independentemente da geografia, do trabalho ou das condições socioeconômicas.
Negar a EAD na EJA significa:
• Excluir milhões de brasileiros da oportunidade de concluir seus estudos.
• Impedir o avanço da tecnologia na educação, enquanto o resto do mundo caminha para modelos cada vez mais digitais.
• Manter um sistema ineficiente e caro, que não atende às necessidades da sociedade.
• Aumentar a evasão escolar, pois muitos simplesmente não conseguem frequentar a escola física com regularidade.
O Brasil Precisa de Educação, Não de Burocracia
Estamos falando de um país com 8,5 milhões de km², onde faltam professores, a infraestrutura escolar é obsoleta e milhões de jovens e adultos precisam estudar sem abandonar o trabalho ou comprometer sua segurança. Como podemos exigir que um trabalhador, que já enfrenta uma jornada exaustiva, tenha que comparecer fisicamente a uma escola todas as noites? Como ignorar que em muitos centros urbanos a violência impede a frequência escolar noturna? Como aceitar que brasileiros que vivem em áreas rurais ou remotas fiquem sem acesso à educação apenas porque não há escolas próximas?
A resposta não é restringir a EAD, mas sim incorporar a tecnologia de maneira disruptiva na educação, utilizando as ferramentas disponíveis para levar conhecimento onde ele é mais necessário. O mundo vive uma revolução tecnológica avassaladora. Hoje, foguetes possuem tecnologia para pousar de ré, a inteligência artificial está transformando a produtividade global, e a internet conecta bilhões de pessoas em tempo real. Como, então, podemos justificar um modelo de sala de aula presencial e rígido, que remete ao século XVII?
A Educação Precisa de Coragem para Inovar
Não podemos aceitar essa barbárie educacional. O que está em jogo aqui não é uma simples escolha metodológica — é a diferença entre um Brasil que avança e um Brasil que retrocede. O Conselho Nacional de Educação e o Ministério da Educação precisam entender que a decisão de barrar a EAD na EJA não prejudica apenas um segmento da população. Ela condena milhões à estagnação, perpetua a desigualdade e impede que o país acompanhe a transformação educacional global. A inovação precisa vencer a burocracia. O Brasil precisa pensar fora da caixa e permitir que a educação chegue a quem mais precisa. E isso só será possível se tivermos coragem de romper com velhos paradigmas e adotar a tecnologia como uma aliada da inclusão e do desenvolvimento.
Que o Ministro da Educação, Camilo Santana, e os membros do Conselho Nacional de Educação não se deixem levar pelo conservadorismo. Que tenham a visão e a ousadia de fazer o que é certo para o futuro do Brasil. O crime não é permitir a EAD na EJA. O crime é impedi-la.






