Freirianas 5G — Se Paulo Freire tivesse um ChatGPT
Hélio Laranjeira
10/22/20252 min read


A pedagogia do diálogo está viva. Mas agora, ela é digital
Paulo Freire dizia que ensinar é um ato de amor.
E continua sendo.
Mas hoje, também é um ato de algoritmo.
O amor educa, o dado mede — e quando amor e dado se encontram, nasce a aprendizagem inteligente.
Freire libertava pela palavra.
A inteligência artificial liberta pelo acesso.
Ambos têm o mesmo propósito: formar consciências livres.
A diferença é que, no século XXI, o diálogo mudou de endereço.
Saiu do quadro e foi para a nuvem.
A escola precisa estar lá também.
O mundo atualiza. A educação, nem sempre
Freire alfabetizou adultos.
O ChatGPT alfabetiza sistemas.
E o Brasil, infelizmente, ainda tenta alfabetizar políticas públicas.
Enquanto o mundo ensina com IA, realidade aumentada e metaverso,
nós ainda imprimimos plano de aula e pedimos para “assinar a lista”.
Estamos educando gerações digitais com métodos analógicos.
Freire defendia a consciência crítica.
Hoje precisamos da consciência digital.
Porque o novo analfabetismo não é mais o da leitura.
É o da compreensão tecnológica.
Da lousa ao código: o novo inédito viável
Freire dizia que a leitura do mundo precede a leitura da palavra.
Hoje, a leitura do mundo passa pelo código.
E quem não programa, é programado.
O homem é um ser inacabado, ensinava ele.
E a máquina também é.
A diferença é que a máquina se atualiza;
o homem, muitas vezes, resiste.
Freire sonhava com o inédito viável.
Nós já vivemos o inédito executável:
um tempo em que a IA pode personalizar a aprendizagem,
democratizar o acesso e acelerar o aprendizado —
desde que a escola deixe de travar em buffering mental.
Educação é diálogo. Mas o diálogo agora é híbrido
Se a IA aprende com dados,
a escola precisa aprender com gente.
O erro não é a tecnologia.
É a falta de humanidade em quem a recusa.
Antes, o círculo de cultura era debaixo de uma árvore.
Hoje acontece na nuvem, no celular, no metaverso.
O importante não é o lugar.
É o diálogo que se mantém.
Freire dizia que oprimido é quem não tem acesso à palavra.
Hoje, oprimido é quem não tem acesso ao Wi-Fi.
A nova alfabetização é digital.
E o novo analfabetismo é o medo da tecnologia.
A revolução cognitiva brasileira
Freire ensinou a pensar.
A IA ensina a expandir o pensamento.
E juntos, fariam a maior revolução cognitiva da história da educação.
A educação brasileira precisa sair do modo “sempre foi assim”
e entrar no modo atualização automática.
Porque quem não atualizar o ensino,
vai continuar ensinando para um mundo que já mudou de página.
Conclusão
O Brasil não precisa negar Paulo Freire.
Precisa reiniciar Paulo Freire.
Transformar sua pedagogia da palavra em pedagogia do dado.
Sua consciência crítica em consciência digital.
Seu diálogo humano em diálogo híbrido.
Porque se Paulo Freire estivesse vivo,
ele não teria medo da tecnologia.
Ele a ensinaria a ensinar.

