Do papel à prática - O que o Brasil pode aprender com a Coreia do Sul
Hélio Laranjeira
5/20/20253 min read


O Brasil conseguiu, sim, um feito histórico: colocou suas crianças na escola. Mas, em pleno século XXI, não basta estar na sala de aula — é preciso aprender de verdade, com qualidade, propósito e conexão com o mundo real.
Vivemos em uma era em que a educação é o novo passaporte para a prosperidade. Nossos jovens, infelizmente, ainda carregam o peso de um ensino que forma mais diplomas do que competências. Isso mantém nossa economia distante do seleto grupo de nações que entenderam que investir em qualidade de educação é investir no crescimento real, na inovação e na riqueza coletiva. Um estudo da FGV, com apoio da Fundação Lemann (2023), trouxe uma evidência poderosa: a elevação das habilidades dos estudantes, junto ao aumento do acesso à escola, pode impulsionar o PIB brasileiro em até 28%. Não é apenas uma estatística: é a chave para transformar vidas, comunidades e destinos.
Mas qual é o verdadeiro desafio? Não basta apenas recuperar o atraso. Precisamos correr mais rápido que aqueles que já estão na frente. É como tentar alcançar um trem que não para de acelerar. É possível? Sim, é possível.
O Que Aprendemos com a Coreia do Sul?
A história da Coreia do Sul nos ensina que, mesmo partindo do zero, um país pode mudar seu destino em apenas uma geração.
Como? Priorizando a base (ensino primário), depois o ensino secundário, e só depois a educação superior — sempre conectando a formação educacional às necessidades econômicas reais. Mais do que investimentos financeiros — que eram escassos no início —, o sucesso coreano foi construído com estratégia, disciplina, foco em resultados e políticas de Estado que atravessaram governos e gerações.
Eles fizeram mais com menos e hoje colhem os frutos de uma sociedade próspera, tecnológica e inovadora.


E o Brasil?
O Brasil precisa urgentemente de uma agenda educacional disruptiva, que transforme cada real investido em aprendizagem efetiva, preparação para a vida e soluções para o mercado de trabalho.
Não precisamos esperar décadas. Podemos agir agora, com algumas premissas práticas:
Priorizar o ensino fundamental com foco em alfabetização plena até o 2º ano. Sem essa base sólida, tudo desaba.
Valorizar e formar professores como protagonistas da transformação. Professor bem preparado multiplica resultados com qualquer estrutura.
Modernizar o currículo escolar, conectando-o à vida prática, ao empreendedorismo, às habilidades digitais e emocionais exigidas pelo século XXI.
Utilizar tecnologia inteligente para personalizar a aprendizagem, com plataformas que custam menos do que reformas gigantescas e têm impacto direto na aprendizagem real.
Desburocratizar a gestão educacional, dando mais autonomia para escolas inovarem localmente, adaptando soluções às realidades específicas.
Conectar educação e mercado de trabalho já no ensino médio, com itinerários formativos e cursos técnicos de alta empregabilidade.
Fazer Mais com Menos: É Possível
Não precisamos inventar mais teorias. Precisamos agir com coragem, foco e inteligência.
Cada real gasto precisa ser tratado como uma semente de transformação.
Cada escola pode ser um polo de inovação local, mesmo com poucos recursos.
Cada professor capacitado pode acender o brilho nos olhos de dezenas de futuros líderes.
Cada aluno que aprende de verdade é um país inteiro que avança.
Um Novo Compromisso com o Futuro
Se queremos que o Brasil deixe de ser eternamente o “país do futuro” para se tornar o Brasil do presente, não podemos perder mais tempo. Se escolhermos o caminho certo, se acelerarmos agora — não com promessas vazias, mas com entregas reais —, teremos o poder de escrever uma nova história: a história de um país que soube fazer da educação seu maior investimento e sua maior vitória.
O futuro não vai esperar. Ou nos movemos agora, ou seremos apenas espectadores da prosperidade alheia.


