A Geração Nem-Nem: Um Desafio Global e suas Causas
EDUCATION
Hélio Laranjeira
9/12/20245 min read


A chamada “geração nem-nem” refere-se a jovens que não estudam nem trabalham, e esse fenômeno afeta uma parcela significativa da juventude em diversos países, incluindo o Brasil. No contexto brasileiro, essa situação é alarmante. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, cerca de 23,7% dos jovens entre 15 e 29 anos faziam parte dessa geração, o que representa aproximadamente 11 milhões de pessoas. Esses números não apenas revelam um problema social de grandes proporções, mas também evidenciam desafios estruturais profundos no sistema educacional e no mercado de trabalho do país.
Quando comparamos o Brasil a países desenvolvidos, a situação, embora mais controlada, também exige atenção. Na União Europeia, por exemplo, a porcentagem de jovens nem-nem em 2022 era de aproximadamente 13,1%, variando entre as diferentes nações. No Japão, essa taxa é ainda menor, em torno de 10%, enquanto nos Estados Unidos, o número gira em torno de 12,5%. Em todos esses países, as mudanças tecnológicas e a transformação acelerada do mercado de trabalho têm deixado muitos jovens despreparados, contribuindo para o aumento desse grupo.


As causas desse fenômeno são diversas e complexas. No Brasil, ele resulta de uma combinação de fatores sociais, econômicos e estruturais. Entre as principais causas, podemos destacar:
Desigualdade social e econômica: Muitos jovens vivem em condições que dificultam o acesso a uma educação de qualidade e a boas oportunidades de trabalho, perpetuando um ciclo de exclusão.
Educação de qualidade insuficiente: A falta de uma formação adequada nas escolas, aliada à desvalorização do ensino técnico, limita as opções de carreira dos jovens.
Mercado de trabalho instável: O Brasil enfrenta um mercado de trabalho com alta informalidade e poucas oportunidades qualificadas, especialmente para os jovens em início de carreira.
Políticas públicas ineficazes: Muitas iniciativas de incentivo ao emprego juvenil e à educação não são suficientemente abrangentes ou apresentam falhas na sua implementação.


Nos países ricos, embora a situação seja menos grave, as causas do problema também estão relacionadas a fatores econômicos, tecnológicos e culturais. Entre os principais motivos, destacam-se:
Mudanças tecnológicas: A automação e a inteligência artificial têm eliminado muitos empregos que, historicamente, serviam como ponto de entrada no mercado para jovens.
Desconexão entre educação e mercado: Em alguns países, o currículo educacional não acompanha as demandas do mercado, deixando os jovens despreparados para as novas exigências.
Questões sociais e culturais: Em certas sociedades, o forte apoio familiar, aliado à dificuldade de acesso a moradia e carreira, faz com que muitos jovens permaneçam sem estudar ou trabalhar por mais tempo.


O enfrentamento da "geração nem-nem" requer uma abordagem multifacetada, que envolva não apenas ações pontuais, mas também reformas estruturais no sistema educacional e no mercado de trabalho. A implementação de políticas públicas eficazes deve ser a base para essa transformação, mas, para que elas funcionem de forma integrada, é fundamental a colaboração entre governo, setor privado e sociedade civil.
1. Reforma educacional e valorização da educação técnica
A educação é, sem dúvida, uma das principais ferramentas para combater a geração nem-nem. No Brasil, a reforma educacional deve incluir um maior foco na educação técnica e profissionalizante, preparando os jovens para o mercado de trabalho atual, que demanda habilidades práticas e especializadas. A desvalorização desse tipo de ensino ao longo dos anos contribuiu para o descompasso entre a formação educacional e as necessidades do mercado. Além disso, é necessário adaptar o currículo escolar para as novas demandas tecnológicas, introduzindo disciplinas que abordem inovação, empreendedorismo e competências digitais, áreas em crescimento que podem abrir novas oportunidades de emprego para os jovens.




2. Integração entre educação e mercado de trabalho
A conexão entre o sistema educacional e o mercado de trabalho é um passo essencial para garantir que os jovens estejam preparados para os desafios do mundo profissional. Isso pode ser alcançado através de parcerias entre escolas, universidades e empresas, criando programas de estágio, aprendizagem e inserção no mercado. No Brasil, o modelo do "Sistema S" (Senai, Senac, Sesi) já oferece uma estrutura interessante para esse tipo de integração, mas ele precisa ser expandido e adaptado para cobrir um número maior de jovens e diferentes áreas do conhecimento. Em países desenvolvidos, iniciativas como essas são comuns, mas precisam ser continuamente atualizadas para refletir as mudanças no mercado, especialmente com o avanço da automação.


3. Expansão de políticas públicas inclusivas
O papel do governo é crucial na criação de um ambiente favorável à inclusão social e econômica dos jovens. Programas de transferência de renda, bolsas de estudo e subsídios para educação podem ajudar a reduzir a desigualdade e garantir que jovens de diferentes realidades tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento. Além disso, políticas voltadas para a inclusão digital são cada vez mais necessárias, visto que a conectividade e o acesso à internet são essenciais tanto para a educação quanto para o trabalho no mundo moderno. Em países desenvolvidos, políticas semelhantes já demonstram ser eficazes na redução das disparidades entre diferentes grupos sociais.
O fenômeno da geração nem-nem é um desafio global que afeta tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, com causas enraizadas em questões sociais, econômicas e educacionais. No entanto, existem soluções viáveis para reverter esse quadro, desde que sejam implementadas com uma visão integrada e adaptada às realidades de cada país. A reforma educacional, a promoção do empreendedorismo, a integração entre educação e mercado de trabalho e a expansão de políticas públicas inclusivas são passos fundamentais. Mais do que nunca, é necessário um esforço conjunto entre governos, empresas e sociedade civil para garantir que os jovens tenham as ferramentas necessárias para construir um futuro mais promissor, tanto para si mesmos quanto para suas nações.


A chamada “geração nem-nem” refere-se a jovens que não estudam nem trabalham, e esse fenômeno afeta uma parcela significativa da juventude em diversos países, incluindo o Brasil. No contexto brasileiro, essa situação é alarmante. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, cerca de 23,7% dos jovens entre 15 e 29 anos faziam parte dessa geração, o que representa aproximadamente 11 milhões de pessoas. Esses números não apenas revelam um problema social de grandes proporções, mas também evidenciam desafios estruturais profundos no sistema educacional e no mercado de trabalho do país.
Quando comparamos o Brasil a países desenvolvidos, a situação, embora mais controlada, também exige atenção. Na União Europeia, por exemplo, a porcentagem de jovens nem-nem em 2022 era de aproximadamente 13,1%, variando entre as diferentes nações. No Japão, essa taxa é ainda menor, em torno de 10%, enquanto nos Estados Unidos, o número gira em torno de 12,5%. Em todos esses países, as mudanças tecnológicas e a transformação acelerada do mercado de trabalho têm deixado muitos jovens despreparados, contribuindo para o aumento desse grupo.


As causas desse fenômeno são diversas e complexas. No Brasil, ele resulta de uma combinação de fatores sociais, econômicos e estruturais. Entre as principais causas, podemos destacar:
Desigualdade social e econômica: Muitos jovens vivem em condições que dificultam o acesso a uma educação de qualidade e a boas oportunidades de trabalho, perpetuando um ciclo de exclusão.
Educação de qualidade insuficiente: A falta de uma formação adequada nas escolas, aliada à desvalorização do ensino técnico, limita as opções de carreira dos jovens.
Mercado de trabalho instável: O Brasil enfrenta um mercado de trabalho com alta informalidade e poucas oportunidades qualificadas, especialmente para os jovens em início de carreira.
Políticas públicas ineficazes: Muitas iniciativas de incentivo ao emprego juvenil e à educação não são suficientemente abrangentes ou apresentam falhas na sua implementação.


Nos países ricos, embora a situação seja menos grave, as causas do problema também estão relacionadas a fatores econômicos, tecnológicos e culturais. Entre os principais motivos, destacam-se:
Mudanças tecnológicas: A automação e a inteligência artificial têm eliminado muitos empregos que, historicamente, serviam como ponto de entrada no mercado para jovens.
Desconexão entre educação e mercado: Em alguns países, o currículo educacional não acompanha as demandas do mercado, deixando os jovens despreparados para as novas exigências.
Questões sociais e culturais: Em certas sociedades, o forte apoio familiar, aliado à dificuldade de acesso a moradia e carreira, faz com que muitos jovens permaneçam sem estudar ou trabalhar por mais tempo.


O enfrentamento da "geração nem-nem" requer uma abordagem multifacetada, que envolva não apenas ações pontuais, mas também reformas estruturais no sistema educacional e no mercado de trabalho. A implementação de políticas públicas eficazes deve ser a base para essa transformação, mas, para que elas funcionem de forma integrada, é fundamental a colaboração entre governo, setor privado e sociedade civil.
1. Reforma educacional e valorização da educação técnica
A educação é, sem dúvida, uma das principais ferramentas para combater a geração nem-nem. No Brasil, a reforma educacional deve incluir um maior foco na educação técnica e profissionalizante, preparando os jovens para o mercado de trabalho atual, que demanda habilidades práticas e especializadas. A desvalorização desse tipo de ensino ao longo dos anos contribuiu para o descompasso entre a formação educacional e as necessidades do mercado. Além disso, é necessário adaptar o currículo escolar para as novas demandas tecnológicas, introduzindo disciplinas que abordem inovação, empreendedorismo e competências digitais, áreas em crescimento que podem abrir novas oportunidades de emprego para os jovens.




2. Integração entre educação e mercado de trabalho
A conexão entre o sistema educacional e o mercado de trabalho é um passo essencial para garantir que os jovens estejam preparados para os desafios do mundo profissional. Isso pode ser alcançado através de parcerias entre escolas, universidades e empresas, criando programas de estágio, aprendizagem e inserção no mercado. No Brasil, o modelo do "Sistema S" (Senai, Senac, Sesi) já oferece uma estrutura interessante para esse tipo de integração, mas ele precisa ser expandido e adaptado para cobrir um número maior de jovens e diferentes áreas do conhecimento. Em países desenvolvidos, iniciativas como essas são comuns, mas precisam ser continuamente atualizadas para refletir as mudanças no mercado, especialmente com o avanço da automação.


3. Expansão de políticas públicas inclusivas
O papel do governo é crucial na criação de um ambiente favorável à inclusão social e econômica dos jovens. Programas de transferência de renda, bolsas de estudo e subsídios para educação podem ajudar a reduzir a desigualdade e garantir que jovens de diferentes realidades tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento. Além disso, políticas voltadas para a inclusão digital são cada vez mais necessárias, visto que a conectividade e o acesso à internet são essenciais tanto para a educação quanto para o trabalho no mundo moderno. Em países desenvolvidos, políticas semelhantes já demonstram ser eficazes na redução das disparidades entre diferentes grupos sociais.
O fenômeno da geração nem-nem é um desafio global que afeta tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, com causas enraizadas em questões sociais, econômicas e educacionais. No entanto, existem soluções viáveis para reverter esse quadro, desde que sejam implementadas com uma visão integrada e adaptada às realidades de cada país. A reforma educacional, a promoção do empreendedorismo, a integração entre educação e mercado de trabalho e a expansão de políticas públicas inclusivas são passos fundamentais. Mais do que nunca, é necessário um esforço conjunto entre governos, empresas e sociedade civil para garantir que os jovens tenham as ferramentas necessárias para construir um futuro mais promissor, tanto para si mesmos quanto para suas nações.
